
João Pinto lança romance sobre memórias e Alzheimer em evento na Valer Teatro
Na última quinta-feira (13), o Salão de Eventos da Valer Teatro Café e Livraria, localizado no Largo de São Sebastião, em Manaus, recebeu o lançamento do romance “As Pedras Doentes da Rua do Fio”, do escritor João Pinto, de 73 anos. A obra, publicada pela Editora Valer, mergulha em temas como memória, Alzheimer e identidade, entrelaçando […]
Na última quinta-feira (13), o Salão de Eventos da Valer Teatro Café e Livraria, localizado no Largo de São Sebastião, em Manaus, recebeu o lançamento do romance “As Pedras Doentes da Rua do Fio”, do escritor João Pinto, de 73 anos. A obra, publicada pela Editora Valer, mergulha em temas como memória, Alzheimer e identidade, entrelaçando as paisagens nordestina e amazônica em uma narrativa fragmentada que convida o leitor a desvendar suas próprias conexões.
O evento, realizado às 17h30, marcou o quinto livro do autor, conhecido por suas coletâneas de contos. Neiza Teixeira, coordenadora editorial da Valer, destacou a relevância da obra: “João Pinto aborda o Alzheimer de forma original, transportando-se para o universo dos que sofrem com a doença. A narrativa é complexa, fluente e nos deixa reflexivos”, afirmou. Ela lembrou ainda que o livro foi um dos vencedores do Prêmio Frauta de Barro, iniciativa da própria editora.
Memória como metáfora
O romance acompanha João Viviam, personagem que migra do Nordeste para a Amazônia, onde atua como professor. A busca por um baú com uma relíquia familiar serve como metáfora para a fragilidade da memória — tema central, influenciado pela experiência do autor com o Alzheimer em sua família. “O romance não é completamente aberto. Tem chaves para que o leitor se encontre livremente na leitura”, explicou João Pinto, que evitou spoilers, mas adiantou que personagens de diferentes cenários podem ser “faces de uma mesma moeda”.
Além do esquecimento, a obra critica estruturas de poder e preconceitos, como na trama de um jornalista que se casa com uma ex-prostituta, ou na de um professor que sequestra uma aluna. O autor também resgatou a herança colonial ao comparar a relação docente-discente com a dinâmica senhor-escravizado, citando “Casa-Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre.
Trajetória literária
Natural de Luzilândia (PI), João Pinto vive no Amazonas desde 1979. Formado em Letras, atuou como professor da rede estadual até se dedicar integralmente à literatura. Sua estreia como contista ocorreu nos anos 70, no suplemento Correio das Artes, de João Pessoa. Entre seus livros anteriores, destacam-se “Luzes Esvaídas” (Projeto Petrônio Portela), “O Ditador da Terra do Sol” e “Contos de uma Aula no Vermelho” (ambos pela Valer). Vencedor de um concurso de contos da Universidade do Amazonas nos anos 90, o autor segue consolidando sua voz na cena literária regional.
O lançamento na Valer reforçou a conexão do escritor com o público amazonense, que pôde conhecer uma obra que, nas palavras de Neiza Teixeira, “nos desafia a refletir sobre o desconhecido território do cérebro humano”.
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