
“O Amazonés” e as gírias que são o jeito único de falar em Manaus
Cada cidade brasileira tem seu próprio modo característico de falar, influenciado pela colonização, seja estrangeira ou regional, e também pela criatividade popular. No Amazonas, especialmente em Manaus, isso não é diferente, tanto que esta característica já vem com uma gíria, conhecida como, “O Amazonês” A capital amazonense carrega traços do vocabulário indígena, além da herança […]
Cada cidade brasileira tem seu próprio modo característico de falar, influenciado pela colonização, seja estrangeira ou regional, e também pela criatividade popular. No Amazonas, especialmente em Manaus, isso não é diferente, tanto que esta característica já vem com uma gíria, conhecida como, “O Amazonês”
A capital amazonense carrega traços do vocabulário indígena, além da herança deixada pelos ingleses, que atuaram na construção de importantes obras na cidade, como o Porto de Manaus, a rede de esgoto e diversos prédios históricos.
O curioso caso do Lago do Cambixe
Um exemplo fascinante dessa mistura de influências é o Lago do Cambixe, também conhecido como Lago do Rei. Localizado no Careiro da Várzea, esse braço do Rio Negro tem uma história curiosa.
Segundo lendas locais, o nome original seria Lago do Cambridge, uma homenagem dos ingleses que trabalhavam na região. No entanto, os ribeirinhos adaptaram a pronúncia à sua maneira, transformando Cambridge em Cambixe — um exemplo típico de como a cultura local molda a linguagem.
As gírias locais se tornaram parte do patrimônio cultural do Amazonas, usadas frequentemente. Portanto, separamos algumas das mais usadas. Confira:
Mano e Mana: expressão usada para se referir a alguém e não significa que a pessoa é irmã da outra.
Brocado: esta gíria indica que o amazonense está com fome, e normalmente vem carregado da palavra mano, como por exemplo: “Mano, eu tô brocado”.
De bubuia: A expressão representa ficar de boa, sem fazer nada, relaxado.
Leso: a gíria indica que alguém é tolo, bobo, e vem com o pronome “Tu”, empregado na frase fica, “Tu é Leso é?” ou “télese”
Carapanã: o termo é a gíria para mosquito, pernilongo e vem do linguajar indígena.
Kikão: o nome representa hot dog, ou cachorro quente e segundo lendas urbanas surgiu devido um carro lanche em que o nome do dono era Kiko.
Dindim: sacolé ou “ch up-chup” não é usado no Amazonas, o natural é apelidar o lanche gelado de Dindim
Maceta: Representa algo muito grande. “Fulano é maceta”
Até o tucupi: Dizer:”Até o Tucupi” significa que algo está cheio, a expressão Tucupi vem da linguagem indígena, sendo um liquido extraído da mandioca brava usado em quase todo o norte no tempero de peixes.
Fuleiro: a gíria representa que algo ou alguém não presta. Se empregado no dia-a-dia, ficaria assim, “Esse celular é fuleiro”, ou “Fulano é um fuleiro”.
Botar no Toco: significa fazer algo bem feito que deu resultado positivo. Se aplicado em uma frase, ficaria, “Fulando tá botando no toco no novo emprego”.
Moleque doido: significa alguém que não tem medo, faz e acontece.
Pegar o Beco: expressão significa ir embora, sair rápido
Na ilharga: termo quer dizer na beira, no limite.
Gírias locais deram origem a livro.
A diversidade do vocabulário amazonense é tão rica que serviu de inspiração para o livro “Amazonês: Expressões e Termos Usados no Amazonas”, escrito pelo doutor em Linguística Sérgio Freire.
A obra reúne cerca de 1.100 expressões e termos típicos do linguajar amazonense, preservando e valorizando a identidade cultural da região. Lançado há mais de duas décadas, o livro se tornou uma verdadeira referência e é considerado um dicionário das gírias locais.
Inspiração para música
As gírias amazonenses e nortistas, também serviram de inspiração para o músico e cantor Nicolas Jr. que compôs a canção, “O Amazonês”, que vem carregada de expressões locais contando a história do próprio artista.
E então, qual a gíria do “Amazonês” você mais usa? Deixe nos comentários!
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