Peça de teatro amazonense retrata sonhos vividos durante a ascensão do nazismo
Baseada no livro “Sonhos no Terceiro Reich”, da jornalista alemã Charlotte Beradt, além de diversos outros relatos reunidos por meio de extensa pesquisa, a peça “O sono da razão produz monstros” retrata sonhos vividos em meio a diversos regimes ditatoriais ao redor do mundo. “A Charlotte passou anos entrevistando pessoas e perguntando, logo após a […]
Baseada no livro “Sonhos no Terceiro Reich”, da jornalista alemã Charlotte Beradt, além de diversos outros relatos reunidos por meio de extensa pesquisa, a peça “O sono da razão produz monstros” retrata sonhos vividos em meio a diversos regimes ditatoriais ao redor do mundo.
“A Charlotte passou anos entrevistando pessoas e perguntando, logo após a ascensão de Hitler ao poder, com o que elas sonhavam à noite. Embora a maioria das pessoas alegasse não ter nenhum interesse por política, os relatos recolhidos por Beradt mostram o quanto a situação política da época influenciava diretamente no conteúdo dos sonhos das pessoas. Hoje, ouvimos muitos relatos de pessoas que também têm pesadelos que se associam com temas atuais, sejam eles a pandemia ou a política. Queremos mostrar, com esta peça, como os sonhos revelam uma realidade que muitas vezes nos escapa durante o dia a dia”, explica Theo Fellows, que traduziu e adaptou o texto para os palcos.
Para guiar o público nesta viagem no universo dos sonhos (ou pesadelos), o elenco da peça contará com os cantores líricos Rodrigo Baroque e Isabelle Sabrié, que pela primeira vez estarão apenas atuando. Isabelle, consagrada por uma longa carreira como soprano, explica este desafio:
“A peça, na verdade, tem muito mais texto, em uma ária de ópera as frases se repetem. Para mim é mais fácil, mas eu adorei, porque dá para expressar as diferentes personagens, pois cada um tem um sonho diferente. É um desafio, já que é a primeira vez que estou sendo só atriz, em outras peças eu sempre acabava cantando algo e estou adorando este desafio”, explica Sabrié.
Realizando seu primeiro trabalho em Manaus, a produtora Diotima Eventos e Produções Culturais pretende apresentar um espetáculo teatral da melhor qualidade. Para isso, trouxe para trabalhar na peça, o conceituado diretor de teatro, Guilherme Delgado, radicado em Madrid, na Espanha, e que veio para Manaus somente para dirigi-la.
“Estou muito satisfeito de vir para Manaus para fazer este projeto. A Lei Aldir Blanc está efetivamente permitindo produções culturais no País inteiro e isso está sendo muito frutífero. Apesar dos problemas da pandemia, é muito bom poder ver e participar de diversos trabalhos artísticos neste momento de retomada das atividades. Estamos cientes da dificuldade de fazer trabalhos fora do eixo Rio-São Paulo, por isso esperamos que os governos estaduais e federais comecem a aumentar o número de recursos, de forma que possamos ter mais projetos e que as pessoas daqui também possam fazer projetos fora”, comenta Delgado.
Embora os protagonistas, apesar de serem cantores líricos renomados, não cantem na peça, a música entrará em cena por meio da violista Isabela Ticiana e do oboísta venezuelano Adonay Varela. Ambos executarão peças de compositores como Paul Hindemith e Benjamin Britten durante a peça. Para Isabela Ticiana, que também é a diretora musical do espetáculo, a música assume a função de contribuir para a construção da atmosfera dos sonhos a serem narrados.
“A parte musical é voltada principalmente para a época dos sonhos narrados, ou seja, priorizamos compositores dos anos 30 e 40. A ideia é que a música entre nos intervalos entre os quadros e crie um diálogo com o texto. Queremos, mais do que tudo, que a peça seja uma peça-concerto”, conta Ticiana.
Contemplada pelos editais Feliciano Lana e Encontro das Artes, ambos promovidos pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas com recursos da Lei Federal Aldir Blanc, a peça “O sono da razão produz monstros”, de Theo Fellows, entrará em temporada no próximo dia 19 de novembro, de sexta a domingo, às 19h, no Teatro da Instalação com entrada franca e classificação etária de 18 anos.
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