Artes - 21 de novembro de 2024
Foto: Adriano Mendez/AM Creative Studio

Artista amazonense estampa símbolo de luta pela preservação da Amazônia em obra visual em SP

O canto da mata ecoa em São Paulo através da obra visual urbana de Gnos AM, como um pedido pela proteção e preservação da Amazônia

O artista urbano amazonense, Gnos AM, estreia na primeira quinzena de novembro, uma nova empena em São Paulo (SP). Desta vez, ele traz a lenda amazônica da Macaca Guariba, guardiã mitológica da floresta, que será estampada como símbolo da importância de preservar e proteger a Amazônia. A obra é parte de seu projeto contínuo de pesquisa e representação das lendas e mitos amazônicos, que busca deixar visível a luta pelas florestas através da arte urbana.

Ao todo, a composição conta com três colunas laterais, totalizando 300 metros de empena, e está localizada na rua Jair da Rosa Pinto, número 47, no bairro Parque das Nações, zona Oeste de São Paulo. Através da junção, é possível visualizar a Macaca Guariba acima de uma mulher indígena, os contrastes e cores da floresta, além do título do projeto “Contos da Mata” bem ao centro, que demonstra o propósito da contação de uma história ancestral, sendo essa uma das principais marcas do artista.

A figura da Macaca Guariba faz referência à protetora espiritual que ecoa o canto da floresta e assusta os invasores. Através do seu som, ela protege o ecossistema e exala a sabedoria ancestral da selva.

A profundidade provocada através das técnicas de tinta látex e spray de Graffiti tornam a obra num convite vivo e deslumbrante para conhecer a real necessidade de proteger a Amazônia, um bioma belo, essencial para o equilíbrio ambiental global, porém ameaçado.

“A obra é uma ponte entre a Amazônia e o resto do Brasil para mostrar que, apesar das ameaças que enfrentamos, estamos sob a proteção sagrada da natureza,” diz Gnos AM. “Espero que as pessoas olhem para a Macaca Guariba e sintam a conexão com a nossa floresta a ponto de se apossar das nossas causas e poder contribuir com a nossa luta. Vivemos um momento de urgência na preservação das florestas, e isso também inclui os moradores de São Paulo, já que a cidade concentra pessoas de todo o Brasil, além de ser palco para diversas manifestações. Então, quero demonstrar através dessa obra, desse símbolo que é a Guariba, o meu profundo desejo de engajar pessoas na defesa de uma causa que beneficia todo mundo, pois o planeta é um só.”

A cidade de São Paulo é o cenário escolhido para estampar essa lenda com o intuito de gerar alerta a nível nacional. Apesar de não estar na Amazônia, a metrópole em 2024 apresentou um sofrimento preocupante com as questões climáticas, com fumaça, poluição e qualidade de vida dos moradores comprometida.

A mensagem da obra do artista visual amazonense, Gnos AM, é justamente sobre dar visibilidade à interdependência entre o ambiente urbano e o ecossistema amazônico, inspirando o respeito e a valorização pela floresta, independente do ambiente onde se vive.

A produção da empena é concebida pela amazonense, Flavinha Alessandra, do Conexoartecultural, que atua em parceria contínua com o artista em sua pesquisa de lendas e mitos, com o intuito de levar essa conscientização por meio da arte urbana para diversos cantos do Brasil. Além disso, dessa vez, ele tem na assistência o artista visual urbano e ativista amazônida, André Hullk, o artista visual Rotka, além dos registros fotográficos feitos por Adriano Mendez e a assessoria de imprensa da amazonense Giuliana Fletcher, da Glam Art Press. O projeto é financiado pelo Museu de Arte de Rua (MAR), com realização da Secretaria de Cultura de São Paulo (SMC).

Em agosto deste ano, Gnos AM realizou o mural “A energia da floresta” em uma comunidade periférica de Manaus (AM), onde a lenda indígena de Cereçaporanga foi representada em 100 metros quadrados, transformando o espaço e trazendo o conhecimento ancestral para a realidade de famílias amazonenses. Em 2023, o artista também realizou outros dois murais em São Paulo, abordando mitos amazônicos como as lendas da Boiuna e Vitória-Régia.

“Minha pesquisa com lendas amazônicas é o meio que encontrei para conectar a Amazônia com o restante do país. Trabalhar com esses mitos é dar voz à floresta em lugares que talvez nunca a veriam”, explica Gnos. “Voltar para São Paulo, dessa vez para contar a história da Macaca Guariba, é colocar um símbolo de resistência e proteção para nos lembrar que a Amazônia é um organismo vivo, cheio de segredos do qual precisamos cuidar para estabelecermos uma harmonia.”

A lenda da Macaca Guariba

Na cultura amazônica, a Macaca Guariba é reverenciada como uma protetora da floresta. Diz a lenda que seu espírito é a reencarnação de uma guerreira indígena que, ao oferecer sua vida aos deuses, se transformou em guardiã da floresta, ela busca manter os invasores afastados.

Seu canto ecoa nas noites de lua cheia e assusta aqueles que tentam destruir a selva. O efeito do canto desperta o respeito pelos mistérios, força e importância da Amazônia. O ensinamento da lenda é um lembrete de que a floresta é viva, pulsante, e que sua proteção é responsabilidade de todos nós.

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